quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Manteiga de Moeda: comida mineira em poesia

O poeta mineiro Mão Grande, salvo engano, da cidade de Brazópolis, parodiou o poema "Musica Brasileira", de Olavo Bilac. Bilac, poeta carioca parnasiano do final do século 19 e início do século 20 chegou a pregar que a nossa música é toda cálice, toda acesa e feitiço das três raças. Vejamos:

 Poeta parnasiano Olavo Bilac, carioca, (16/12/1865-28/12/1918)

Tens, às vezes, o fogo soberano
Do amor: encerras na cadência, acesa
Em requebros e encantos de impureza,
Todo o feitiço do pecado humano.

Mas, sobre essa volúpia, erra a tristeza
Dos desertos, das matas e do oceano:
Bárbara poracé, banzo africano,
E soluços de trova portuguesa.

És samba e jongo, xiba e fado, cujos
Acordes são desejos e orfandades
De selvagens, cativos e marujos
:
E em nostalgias e paixões consistes,
Lasciva dor, beijo de três saudades,
Flor amorosa de três raças tristes
.

Mão Grande brinca, em seu poema "Manteiga de Moeda", onde diz, sobre a deliciosa culinária mineira:

Mão Grande, poeta das Geraes

Tens às vezes o colesterol tirânico
Do sabor encerras farras e sobremesas
De pernis e doces sobre a mesa
Sobra a manteiga pra outros fins
Mas sobre essa volúpia
Inda acerta a tristeza
U home qui é home
Dos garfos, poucos vestidos e pecados
É doido por tempero de cebola roxa
Rebola morena roxa na coxa do chamêgo
E sabe que breá de manteiga é banhá com leite
O feitiço que mantêm a lenha pro fogão aceso.

(Poema publicado no portal As Minas Gerais http://www.asminasgerais.com.br/?item=ALBUM&codAlbum=460)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

"Divagação sobre as Ilhas" ou simplesmente "Passeios na Ilha" de Drummond

Texto do poeta maior em prosa poética, que, segundo Carlos Vieira, médico psicanalista da Sociedade de Psicanálise de Brasilia (no Blog do Moreno - em 18.jan.2012), mostra a necessidade do ser humano ter sua própria individualidade, seus momentos e espaços de “ilha” para preservar sua saúde mental e seu crescimento psíquico.

Escreve o poeta: “Quando me acontecer alguma pecúnia, passante de um milhão de cruzeiros, compro uma ilha; não muito longe do litoral, que o litoral faz falta; nem tão perto, também, que de lá possa eu aspirar a fumaça e a graxa do porto.


Minha ilha (e só de a imaginar já me considero seu habitante) ficará no justo ponto de latitude e longitude que, pondo-me a coberto dos ventos, sereias e pestes, nem me afaste demasiado dos homens nem me obrigue a praticá-los diuturnamente. Porque esta é a ciência e, direi, a arte do bem viver; uma fuga relativa, e uma não muito estorvada confraternização.” Perceba, caro leitor, a genialidade e a capacidade intuitiva do poeta: ter sempre um espaço de vida que marque autonomia, liberdade e privacidade.

Continua o poeta: “ ... mas será que se procura realmente nas ilhas a ocasião de ser feliz, ou um modo de sê-lo? E só se alcançaria tal mercê, de índole extremamente subjetiva, no regaço de uma ilha, e não igualmente em terra comum?... Procuro uma ilha, como já procurei uma noiva... A ilha dever ser o quantum satis (na medida exata) selvagem, sem bichos superiores à força e ao medo do homem... Para esta ilha sóbria não se levará bíblia nem se carregarão discos... Nossa vida interior tende à inércia. E bem-vinda é a provocação que lhe avive a sensibilidade, impelindo-a aos devaneios que formam a crônica particular do homem, passada muitas vezes dentro dele, somente, mas compensando em variedade ou em profundeza o medíocre da vida social... Não levem para as ilhas os problemas de hegemonia e ciúme... A ilha é meditação despojada, renúncia ao desejo de influir e atrair... Em geral, não se pedem companheiros, mas cúmplices. E este é o risco da convivência ideológica. Por outro lado, há certo gosto em pensar sozinho. É ato individual, como nascer e morrer. A ilha é, afinal de contas, o refúgio último da liberdade, que em toda a parte se busca destruir. Amemos a ilha.”

Segundo Carlos Vieira, "A prosa de Drummond é séria, profunda, psicologicamente acertada, e mais ainda: uma verdadeira lição para se viver, conviver, guardando com o parceiro ou com qualquer coisa que se tenha na vida, uma relação de juntos e separados, caso contrário não sobreviveremos às crises de “angústia de intrusão” em nossas vidas, os nossos momentos de “claustrofobia dentro de uma relação”.

(Texto recentemente publicado, em nova edição, pela Editora Cosacnaif, São Paulo, 2011)

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Tricolor araguarino perdeu um de seus maiores ídolos

Depois de perder seu ex-presidente Amélio Gabriel Cardoso Júnior, morto em um acidente na BR-050, o Fluminense Futebol Clube de Araguari recebeu mais uma triste notícia no final de 2011. Morreu no dia 31, de câncer generalizado, um dos maiores jogadores da história do Tricolor: o ex-meia Juca Show (67 anos). Ele morava em Belo Horizonte e há pouco tempo teve seus pés imortalizados na calçada da fama. O enterro ocorreu no Cemitério da Consolação.

Nascido José Aparecido Conceição, em 10 de novembro de 1944, Juca Show ganhou projeção no Fluminense de Araguari entre o final da década de 60 e o início da década de 70. Passou por Uberaba, América, Náutico e Paysandu.

Juca Show (ao centro) em um dos melhores
times da história do Fluminense

Juca era realmente um show com as bolas nos pés. Tinha um domínio fenomenal e uma excelente visão de jogo. Era perfeito nos desarmes. Também marcavam seus gols, muitos deles com maestria. Hoje, sem dúvida, seria convocado para a Seleção Brasileira, tamanho o seu talento.

Jogador de uma simplicidade ímpar, Juca Show veio de Uberaba trazido pelo inesquecível Mauro Cunha, quando o Fluminense conseguiu formar um esquadrão matador que aniquilava adversários, inclusive jogava de igual para igual com os grandes da capital. Em 1970, o Fluminense só não ganhou do Atlético, no Estádio Sebastião César, graças à ajuda do árbitro, que anulou um gol legítimo do Tricolor, quando a bola penetrou no canto do gol e saiu, graças a um grande buraco na malha apodrecida.

O Fluminense Futebol Clube, através de seu presidente José Antônio César da Silva, lamentou a morte de Juca Show e decretou luto oficial de três dias no Tricolor araguarino.

FIQUE POR DENTRO

No dia 5 de abril de 1972, Juca Show apareceu como uma flecha para garantir a vitória de 1 a 0 do Fluminense diante da Caldense, no Estádio Sebastião César. O árbitro Hélio Cosso se preparava para apitar o final da partida, quando o craque levou a massa ao delírio.

No dia 26, contra o América, seu futuro clube, Juca também foi para as redes, apesar da derrota de 3 a 2, em casa. Nesse jogo, encheu os olhos da diretoria do Coelho. Na capital, Juca havia se destacado, no revés de 1 a 0. O Tricolor entrou em campo com Vandeir; Correia, Lino, Tim e Arlindo; Bene e Mauro; Luis Carlos (Jair), Juca Show, Reinaldo e Noé (Toninho).

Com a camisa do
América Mineiro

Em 1971, o grande goleiro Raul, do Cruzeiro, teve que se virar para evitar um gol de Juca, na apertada vitória de 2 a 1. O arqueiro dividiu a bola com o meia do Flu e perdeu dois dentes.

Juca Show foi imortalizado na Calçada da Fama
do Mineirão, em junho de 2010


Juca Show: um exemplo de ótimo futebol na década de 70

Ranking Nacional de moutain bike 2011 tem atleta araguarino em 1° lugar

Do jornal Gazeta do Triângulo - Araguari

Quando nos deparamos com uma história de sucesso, verificamos que em quase todos os casos houve muita dedicação, amor e empenho para obter os resultados alcançados, principalmente no esporte. O esportista no Brasil exige muita paixão para alcançar resultados e é preciso doar o máximo de si para chegar lá.

O atleta Jhefferson Ferreira Silvestre de Paiva “Jhefin”, araguarino de 15 anos consegue este grande feito. Ele fechou o ano de 2011 em primeiro lugar no Ranking Nacional de MTB. Após participar de várias corridas que contaram pontos para o ranking, nosso atleta de ouro atinge a marca de 356 pontos, assumindo assim a liderança em sua categoria (Juvenil), onde compete com atletas de até 16 anos.

“Jhefin” fechou o ano de 2011 em primeiro lugar
no Ranking Nacional de MTB


Mesmo sem um bom patrocínio, mas com muita força de vontade, o atleta vestiu a camisa da Reribike e foi participar dos principais eventos do país em busca de um sonho “... ser o 1º colocado no ranking nacional para conseguir novamente um patrocinador que me ajude a participar das olimpíadas...”, viajando para vários Estados, como Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso, em busca dos melhores resultados e o reconhecimento no esporte.

Mal começou o ano e vimos nosso atleta treinando nas ruas e estradas do nosso município, faça sol ou chuva lá está ele focado nos seus objetivos, que além de esportista e estudante, também trabalha na Reribike, loja de bike da família que o apóia em sua trajetória.

“...alguns acham que é muito fácil. difícil é fazer acontecer, é preciso sempre fazer o melhor, fazer mais do que nos pedem, fazer bem feito sempre. Procuro dedicar-me cada dia mais do que me dedico e cada vez mais com amor e paixão pelo que faço.”

Jhefferson, a equipe da Reribike e familiares desejam a você muito sucesso nesta sua jornada, e que 2.012 seja de mais sucesso ainda. (com assessoria)



(Publicado na Gazeta do Triângulo em 07.01.2012 http://www.gazetadotriangulo.com.br/novo/index.php?option=com_content&view=article&id=18048:atleta-araguarino-fecha-2011-em-primeiro-lugar-no-ranking-nacional-de-moutain-bike&catid=15:esportes&Itemid=159 )

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O primeiro automóvel a chegar em Araguari (Memória)

Com a licença do meu amigo jornalista, Aloísio Nunes de Faria, meu conterrâneo, do Jornal de Araguari e editor do Portal de Araguari, reproduzo o interessante texto extraído do livro “Pelos Caminhos da História – Pessoas, Coisas e Fatos de Araguari”, editado em 1988, ano do Centenário de Araguari, pela Artgraf-Editora e Artes Gráficas Ltda.) e publicado em seu blog, no último domingo, 8 de janeiro de 2012.

Por Abdala Mameri (*)

Era Ford, zero quilômetro e custou três contos e seiscentos mil réis, comprado pelo Sr. Manoel de Olveira Alves, diretamente da Riechman & Cia., sede em São Paulo, Bairro do Bom Retiro, considerada entre as maiores firmas importadoras da época. O Sr. Oliveira, assim era conhecido, veio para Araguari por volta de 1908. Estabeleceu-se à rua João Peixoto [...]

O proprietário dedicava-se ao comércio geral de tecidos, cereais, secos e molhados, ferragens e armarinhos. O nome do estabelecimento era Casa Violeta [...]

Por influência de Bertoldo de Morais, o primeiro motorista de Araguari, Oliveira, casado com a sra. Luisa Guimarães, dona Sinhá, prometeu que adquiriria um automóvel, o que acabou acontecendo.

Ford Modelo T e o seu criador, o empresário
estadunidense Henry Ford (1863 – 1947)
A CHEGADA

Bertoldo de Morais permaneceu 22 dias em São Paulo, para fazer o curso e regressou a Araguari três dias depois do automóvel, motivo por que a Mogiana cobrou armazenagem. Foi importado diretamente da Alemanha. Era o dia 23 de janeiro de 1913. Dia de semana, na parte da manhã, quanto em frente à estação da Mogiana ajuntou-se a população ávida pela novidade. É de se imaginar o suspense de todos, quando foi descido o carro e ouviu-se o ronco do motor. Muitos devem ter aberto a boca ao vê-la andar pelas ruas da cidade.

ELEGÂNCIA

O primeiro a utilizá-lo foi o Sr. Oliveira.

Daí a pouco, levados pela curiosidade, todos queriam dar uma volta, que custava dois mil réis. O patrão ganhou dinheiro, uma vez que a máquina funcionava o dia inteiro, para atender aos sequiosos da grande aventura. O próprio motorista teve de almoçar dentro do veículo, diversas vezes. Em 22 dias ganhou-se tanto dinbeiro que o carro se pagou.

Os faróis, iluminados com gaz acetileno, eram acesos com fósforo. Para ligar, girava-se a manivela, até que o motor começasse a roncar. Pareciam soluços, mas firmavam-se daí a pouco. Para explorar o ramo, foi constituída a sociedade Moraes & Oliveira, formada por Manoel Alves de Oliveira e Bertoldo de Morais.

* Abdala Mameri, historiador, poeta, escritor e jornalista araguarino, nasceu em 07 de março de 1925 e faleceu em 28 de novembro de 1998. Foi fundador da Academia de Letras e Artes de Araguari e seu dirigente por trinta anos. Ocupou a cadeira de número 26 da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. É patrono da Casa da Cultura de Araguari “Abdala Mameri”. Em 1988 escreveu o livro “Pelos Caminhos da Vida”, onde relata os fatos históricos que resultaram na emancipação política de sua cidade.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Aposentado encontra pedra de diamante em Estrela do Sul

Minas Gerais

Ele estava na calçada de casa quando avistou o diamante de 4 k

Um aposentado de 70 anos morador de Estrela do Sul, no Triângulo Mineiro, foi surpreendido por uma pedra de diamante na porta da própria casa. O caso foi no início do mês passado e repercutiu entre os moradores da pacata cidade que tem 7.255 habitantes, segundo dados do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O município é conhecido pelo garimpo e pelas histórias de quem encontrou pedras preciosas de forma inusitada.

(Foto: casarão antigo da cidade - Altemiro Olinto Cristo / pt.db-city.com)
André Fontes, que procurou gemas boa parte da vida, proseava com os amigos na calçada. O assunto: diamantes. Foi quando um caminhão passou e espirrou a pedra para perto dos pés do ex-garimpeiro. A pedra tem quatro quilates e pode valer cerca de R$ 5 mil depois de lapidada. Se virar jóia pode valer ainda mais. Não é uma fortuna, mas alegrou a vida do aposentado. “Eu olhei e falei: esse trem não quer quebrar. Aí agachei, peguei e vi que era um diamante. Mostrei para os colegas que estavam junto e eles confirmaram”, disse.

A rua onde mora André Fontes pode ser a mais valiosa do Brasil. Na década de 70, quando a cidade começou a ser asfaltada, foi usado cascalho tirado do rio Bagagem, onde muitos diamantes foram encontrados. O aposentado e o prefeito Lycurgo Rafael Farani acredita que o diamante tenha saído do asfalto. O administrador do município está até preocupado. “Já imaginou a corrida para garimpar as ruas da cidade? Eu não vou ter recurso para tapar tantos buracos”, brincou.

Segundo o prefeito Lycurgo Rafael Farani, outras histórias são contadas na região. Em uma delas, um morador fez um buraco na própria casa. “Um morador sonhou que na casa dele tinha um diamante e cavou um buraco, mas não encontrou”, disse. Ele diz que outros já foram encontrados até na moela de uma galinha.
(Foto internet - solariseditora.com.br)

O museu da cidade guarda as fotos do sexto maior diamante do mundo. Ele foi retirado do Rio Bagagem. O “Estrela do Sul” chegou a ser exposto no museu Louvre, em Paris. Com a notícia de André Fontes, outros moradores disseram que vão ficar de olho nas ruas da cidade.“Vou prestar mais atenção. Quem sabe não acho um desse também”, disse o motorista Isac Almeida.

O estudante João Bacelar se empolgou com a ideia e já pensa em garantir o futuro: “Vou varrer a rua inteira e procurar um para mim”.

Estrela do Sul  (MegaMinas.com)

(Recebi esta semana a notícia, através da minha amiga estrelasulense, a competente jornalista Izabel Bacelar, que me enviou o link da matéria, por email. Autorizado por ela, estou publicando aqui no meu blog.)

Publicado em 04/01/2012 às 15:07, por G1 de