quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Sete museus contam história de Uberaba

(Museu de História Natural Wilson Estevanovic - Foto: Jornal de Uberaba)


Apesar de sete museus e algumas galerias, Uberaba tem apenas cinco registrados no Cadastro Nacional de Museus. E o número de museus mostra preocupação em preservar e manter seu acervo histórico e cultural no município.

Os museus cadastrados são Museu de Arte Decorativa José Maria dos Reis (Mada); Museu de Arte Sacra; Museu dos Dinossauros e Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price, em Peirópolis, Museu do Zebu, cujo nome cadastrado é Fundação Museu do Zebu Edilson Lamartine Mendes, e Museu Chico Xavier, cujo nome cadastrado é Casa de Memórias e Lembranças de Chico Xavier.

Arte Sacra – O Museu de Arte Sacra está instalado na Igreja Santa Rita, na praça Manoel Terra. A igreja foi construída em 1854 e foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1939. O acervo é rico em peças barrocas dos dois últimos séculos e possui diversificado número de peças doadas pela Cúria Metropolitana, como paramentos, estandartes de procissões, alfaias, imagens e mobiliário. A missão do museu, segundo o CNM, é preservar paramentos litúrgicos, imagens de devoção, objetos sacros, além de ser um centro irradiador e polarizador da cultura local e regional. O museu fica aberto de 2ª a 6ª, de 7h às 18h.

Arte Decorativa – O Museu de Arte Decorativa José Maria dos Reis (Mada) foi instalado em fazenda do ano de 1916. Seu acervo conta com uma biblioteca, móveis e porcelana inglesa da década de 20, além de expor obras de Reis Júnior, pinturas em tela (retratos da família). O museu também promove exposições temporárias de arte e de música mostrando diversos aspectos da cultura brasileira. O Mada fica na rua Maria de Lourdes Melo Cole, s/nº, com visitação de 2ª a 6ª, das 8h às 18h.

Chico Xavier – Outro espaço é o Museu Chico Xavier, que mantém intacta a residência do médium espírita, com todos os seus pertences. O museu fica na fica na rua Dom Pedro I, nº 165 - Parque das Américas e o horário de visitação é de 8 às 11h e 13 às 17h30, de 2ª a 6ª e aos sábados de 8h às 12h, com entrada gratuita. A missão no CNM é “preservar o espaço físico de Chico Xavier, constituir acervos documentais, bibliográficos relativos à trajetória de suas atividades, manter exposições e preservar a estrutura arquitetônica e as instalações funcionais dos aposentos de Chico Xavier”.

Zebu – Já o Museu do Zebu, no parque Fernando Costa, mostra com seu acervo a saga do gado Zebu no Brasil e no mundo a partir do fim do século XIX e seus aspectos culturais. Única do gênero no mundo, seu acervo é constituído por peças, fotos, livros e documentos, além de exposição permanente e mostras anuais temporárias. A missão no CNM é “preservar a cultura do zebu abrangendo o universo de irradiação cultural, técnica, científica e interação junto ao público através de programas e projetos”. A visitação pode ser feita de 2ª a 6ª, das 13h às 18h. Também atende em horários extras, através de prévio agendamento. O museu fica na praça Vicentino Rodrigues da Cunha, 110.

Dinossauros – O Museu dos Dinossauros, em Peirópolis, tem rico acervo de fósseis de dinossauros e outros vertebrados. Conta ainda com painéis explicativos sobre a evolução da vida e dioramas que reconstituem os cenários da vida e dos animais e vegetais que habitaram a região de Uberaba há milhões de anos. Está instalado no prédio da antiga estação ferroviária de Peirópolis, construída em 1889, em estilo inglês. A missão do museu, no CNM, é “desenvolver pesquisas no campo da paleontologia e geologia no Triângulo Mineiro, proteger os jazigos fossilíferos e divulgar e proteger os achados da região”. O museu é aberto de 2ª a 6ª de 8h às 17h e aos sábados, domingos e feriados de 8h às 18h.

Museu da Capela – O Museu da Capela não está cadastrado no CNM. Particular, está instalado dentro da Capela do Colégio Nossa Senhora das Dores e visitação é feita por agendamento, com hora marcada. O museu foi reformado recentemente e mostra a história das Irmãs Dominicanas, desde a origem da congregação, à chegada das irmãs, o trabalho no Brasil, com objetos e mobiliário antigo da escola, além de livros raros. Também tem a coleção particular, doada por uma dominicana, que é formada em Geografia. O Museu fica na praça Tomás Ulhoa e a visita pode ser agendada pelo telefone 3331-9937.

História Natural – Outro espaço particular é o Museu de História Natural Wilson Estevanovic, situado na Av. Uruguai, 557, que tem mostra voltada para a ciência natural, com peças de mais de 3 bilhões de anos. O museu, que também não está cadastrado, conta com o maior observatório Astronômico do Triângulo Mineiro, equipado com 18 telescópios profissionais de alta resolução; coleção de artefatos de grupos pré-históricos; mostra osteológica de animais silvestres, exóticos e humanos; representações artísticas de grupos, como africanos, indonésios, mongóis, mexicanos, marajoaras, maias e incas, máscaras morfológicas dos cangaceiros Lampião, Maria Bonita e bando; sarcófago, múmias, papiros e artefatos; grupo de rochas, meteoritos, pedras preciosas, semipreciosas, rochas e minerais, além de mostra sobre biodiversidade e de paleontologia. A visitação é de 3ª a domingo, de 13h30 às 17, e com horários especiais agendados, inclusive noturno.

(Do Jornal de Uberaba http://www.jornaldeuberaba.com.br/, coluna Cidade, em 16.12.2010)

Localidades que são verdadeiros patrimônios culturais

Os anais históricos são patrimônios culturais, que devemos conhecer e defender como ideais superiores das nossas comunidades e das nossas regiões fisiográficas.
Vejo esse traço de relevância nas narrativas de Hildebrando de Araújo Pontes sobre a História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central. A feição simbólica aparece, também, no livro sobre o Sertão da Farinha Podre, de José Ferreira de Freitas.
O livro de Hildebrando Pontes foi publicado com o patrocínio da Academia de Letras do Triângulo Mineiro e o estudo de José Ferreira foi mandado imprimir às expensas do próprio autor.
Tanto Hildebrando Pontes quanto José Ferreira analisaram aspectos significativos da Mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. O saudoso Edson Prata, então presidente da ALTM, imprimiu NOTA PRÉVIA no livro de Hildebrando Pontes.
O espaço de uma crônica semanal é insuficiente para nele o articulista retratar a extensão e a profundidade de estudos e pesquisas. Por isto mesmo, peço desculpas aos inteligentes leitores, pela concisão da crônica de 28 de novembro de 2010 que da História de Uberaba.
Este Sertão do Desemboque e da Farinha Podre ficou celebrizado pela circunstância de centrar o triângulo formatado pelos rios Grande e Paranaíba, no caminho dos bandeirantes, rumo aos Estados de Goiás e do Mato Grosso. Este território pertenceu a Goiás e passou a ser mineiro criando a oportunidade de viajarmos no tempo - embarcados na carruagem da história.
Em 1816 o Triângulo Goiano passou a ser Mineiro à sombra de Paracatu do Príncipe, Desemboque (Sacramento), Araxá, São Pedro de Alcântara (Ibiá), Patrocínio, Rio Paranaíba, Patos de Minas, São Gotardo, Tiros, Uberaba, Nova Ponte, Araguari, Conquista, Conceição das Alagoas, Prata, Monte Alegre de Minas, Campina Verde, Uberaba, Uberlândia, Frutal, Ituiutaba, Planura, Romaria, Veríssimo, Comendador Gomes, Itapagipe e Abadia dos Dourados.
(Ilustração da Mesoregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba - Wikipédia)

Com o passar dos anos outras povoações ganharam autonomia política e administrativa e se mantiveram incorporadas a esta Mesorregião, onde os separatistas persistentes defendem a criação do Estado do Triângulo.
Em 1871, no território no Estado de Goiás, nasceu o Seminário Santa Cruz e 25 anos depois a instituição formadora de sacerdotes foi trazida para Uberaba, com o nome de Seminário São José, que até hoje se mantém sob a égide da Arquidiocese. Pelo Seminário São José passou o escritor José Ferreira de Freitas, que me presenteou com exemplar autografado do Sertão da Farinha Podre - o caminho para Goyaz e Mato Grosso, publicado em 1999.
Do exposto é de se ver que os anais históricos são patrimônios culturais, que devemos contabilizar e preservar em todos os sistemas duradouros da nossa paisagem histórica.

(Fonte: Jornal de Uberaba http://www.jornaldeuberaba.com.br/, coluna Opinião, em 02.12.2010, por Adauto Francisco do Amaral, contabilista e advogado)