terça-feira, 19 de outubro de 2010

In Memorian: 20 anos de Geraldo França de Lima na Academia Brasileira de Letras

Escritor araguarino, autor de 14 obras da literatura brasileira, enchem de orgulho o povo de sua terra natal

O ano de 2010 marca as comemorações dos 20 anos da posse, em 19 de julho de 1990, do escritor araguarino Geraldo França de Lima na Academia Brasileira de Letras. Eleito em 30 de novembro de 1989, ele foi o sexto ocupante da cadeira n.º 31 na sucessão de José Cândido de Carvalho, sendo recebido pelo Acadêmico Lêdo Ivo.

Nascido em 24 de abril de 1914 e falecido no Rio de Janeiro, RJ, em 22 de março de 2003, Geraldo França de Lima, professor, advogado, romancista e contista, escreveu e deixou como legado 14 obras que enriquecem a literatura brasileira de todos os tempos e enchem de orgulho o povo de sua cidade natal.

Foi amigo de Guimarães Rosa, lutou na revolução de 30 e foi assessor de Tancredo Neves, nos anos 50, e secretário particular do presidente Juscelino Kubitschek, em 1961.

Era filho de Alfredo Simões de Lima e de dona Corina França de Lima. Com a mãe, aprendeu a ler e a escrever, terminando o curso primário, em 1926, na primeira turma que se matriculou no então recém-fundado Colégio Regina Pacis, dos padres holandeses. "Inocência", de Visconde de Taunay, recomendado por seu pai, foi o primeiro livro que leu (antes de completar 11 anos). Em 1929, seguiu para Barbacena, matriculando-se no internato do Ginásio Mineiro.

Tornou-se escritor aos 44 anos e deixou obras consagradas como Nó Cego, Branca Bela, Rio da Vida e Serras Azuis, que em 1998 virou novela na Rede Bandeirantes.

Antes de iniciar sua vida literária, o escritor foi jornalista. Mudou-se para o Rio em 1933, quando decidiu estudar Direito, e trabalhou no Correio da Manhã e A Batalha. Assim que se formou, em 1938, França de Lima mudou-se para Belo Horizonte, onde passou a advogar em um pequeno escritório. Em 1945, foi um dos fundadores do Partido Social Democrático em Minas Gerais.

Em 1951, retornou definitivamente ao Rio de Janeiro, sendo nomeado advogado da Estrada de Ferro Central do Brasil, de onde passou para a Procuradoria Geral da República e daí para a Consultoria Geral da República.

Segundo a sua biografia, o ano de 1961 foi o ano do ingresso de Geraldo França de Lima em definitivo na vida literária. Guimarães Rosa, almoçando em casa do amigo, encontrou na escrivaninha os originais do romance "Uma cidade na província". Levou-os consigo e, entusiasmado, leu-os no mesmo dia. Mudou o nome para "Serras azuis", providenciou a publicação, indo pessoalmente procurar o editor Gumercindo Rocha Dórea. Na tarde do lançamento, na Livraria Leonardo da Vinci, em 2 de junho de 1961, Guimarães Rosa pediu a palavra e em discurso relatou sua amizade com Geraldo França de Lima, terminando com a apologia do romance. O sucesso alcançado valeu ao livro o Prêmio Paula Brito Revelação Literária 1961, da Biblioteca Pública do Estado da Guanabara.

Foi casado com d. Lygia Bias Fortes da Rocha Lagoa França de Lima, que faleceu em 2002. Sofrendo a perda da visão, o acadêmico ditava seus livros à companheira. Seu último romance, "O sino e o som" foi lançado em 2002.

Obras

* Serras azuis, romance (1961);
* Brejo alegre, romance (1964);
* Branca Bela, romance (1965);
* Jazigo dos vivos, romance (1969);
* O nó cego, romance (1973);
* A pedra e a pluma, romance (1979);
* A herança de Adão, romance (1983);
* A janela e o morro, romance (1988);
* Naquele Natal, romance histórico (1988);
* Rio da vida, romance (1991);
* Folhas ao léu, contos (1994);
* Sob a curva do sol, romance (1997);
* Os pássaros e outras histórias (1999);
* O sino e o som (2002).

Fontes: Revista IstoÉ (março de 2000), Portal da ABL e Wikipedia.
(Por Aloisio Nunes de Faria, no Portal de Araguari http://www.portaldearaguari.com.br/2010/10/ha-20-anos-geraldo-franca-de-lima.html#comment-form, em 19 de outubro de 2010)