sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Cachaça fabricada em Araguari com a assinatura de Oscar Niemeyer é lançada no Rio de Janeiro

A marca araguarina Montanhesa lançou, no último dia 6 de dezembro, a cachaça Tonel 8. O evento, acompanhado pela imprensa carioca e documentado pelo canal TV Brasil, foi realizado no escritório de Oscar Niemeyer, na avenida Atlântica, Rio de Janeiro.


A Tonel 8 com sua embalagem assinada
por Oscar Niemeyer, na foto abaixo
com o empresário Jeová Alamy

A Tonel 8 é uma edição limitada de 832 garrafas envelhecidas em tonéis de bálsamo por mais de 10 anos. Sua embalagem leva a assinatura de Oscar Niemeyer, o croqui da Igreja da Pampulha (Belo Horizonte) e sua frase mais conhecida: “- A gente precisa sonhar senão as coisas não acontecem.”

Jeová Alamy, proprietário da marca Montanhesa entregou uma das garrafas para o arquiteto, que agradeceu a homenagem aos seus 104 anos. Na oportunidade também esteve presente Lais Alamy, estudante do curso de Arquitetura e Urbanismo. “Admiro o trabalho e a personalidade dele. Não pude conter as lágrimas, tamanha a fascinação por esta oportunidade única de conhecer esse mestre,” revelou.


O traço inconfundível de Niemeyer originou-se dos princípios da arquitetura moderna, introduzidos pelo francês Le Corbusier e pelos ensinamentos de Lúcio Costa, outro grande destaque brasileiro. Criou sua identidade através da maestria no uso de curvas, muitas vezes inspiradas pela figura feminina e formas geométricas.

(por Talita Gonçalves, jornal Gazeta do Triângulo, em 13 de dezembro de 2011)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Somos

Somos
Algo de répteis
Quando agitados
Viramos o pescoço
Giramos a cabeça
Piscamos miudinho – amiúde

Somos
Quase anfíbios
De vida dupla
Percorremos o chão seco
Escorregamos no barro
Pra logo mergulharmos na água – a mágoa

Somos
Como pássaros
Que abrem as asas
Que abrem o bico
Ciscamos o espaço
Quando queremos voar – rodopiar

             (Macunaíma - Grande Otelo - Imagem: internet)

O que pouco somos
Pessoas...
Que vivem de sonhos
Amargam o ódio
Espalhamos violência
Depois esquecemos tudo
– ficamos surdos e mudos.


Ricardo Wagner Ribeiro
Brasília, julho de 2011

Fragmentos



Fragmento
Partícula de cimento
Fragmentaço
Fratura de aço
Fragmentículo
Cravado no olho

Fragmento
Fraga
Momento
Pedaço triturado
Lâmina, martelo
Faca, punhal

Fragmento
Fracto, fructo
Pigmento
Pedaço
Fração
Resquício, porção


Partícula da dor
Doendo
Sangrando, partindo
Cortando
Triturando sentimentos
Fragmentos do coração.

Ricardo Wagner Ribeiro
Brasília-DF, 11 de junho de 2011

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Paixão



Posso
Mas não devo
Abraçar, chegar perto
Me esfregar

A paixão
É sagaz, atrai
Distrai
Trai

Tem talento
Sedução
Sabe, conhece
Tem sempre razão
Seu perfume
Pode condenar
Pode pintar ferida
Pode até machucar

Por isso digo,                                                                             
Meu amigo
Se puder não chegue perto
Fique longe da paixão.

                                        Brasília, Beirute, 18.05.07

Menino (sonhando acordado)

Sonhando com o futuro
Me deito no gueto e olho o céu
Jogado nas ruas, nos bares, becos e praças
Sonhando acordado a manhã vem chegando

Olho o céu, olho o sol
O brilho no olhar é só meu
Ninguém pode roubar
É só abrir, posso sonhar, o luar é meu

Imagem: Observatório (site: unitrepoirino.it)

É dia, acordado, nem pude dormir
Sem brinquedo ou escola, sem pão nem família
Saio a caminhar em busca de quem sou
Sou menino de rua, mais um perdido a vagar

Mas lá dentro bate forte, existe esperança
Alguém se lembrará de mim, sei que existo
Preciso de uma chance, de alguém que me ame
Enxergue com os olhos do coração

Sou menino, um dia serei gente grande
Vou trabalhar, defender meu pão, ter família
Dormir e sonhar, sustentar filhos com o suor do rosto
Sou cidadão, não tenho nome, mas posso ser gente

Não quero muito, só um sonho para acreditar
Que a vida faça do meu mundo um futuro melhor
Basta uma mão amiga, é tudo que preciso
Sou menino de rua brincando de sofrer e sonhar acordado.


Ricardo Wagner Ribeiro
Brasília,07.05.2007

Esquecimento

                                               Ah! ia me esquecendo
                                               Mas agora me lembro
                                               Não posso esquecer
                                               outra vez, nunca, jamais!

                                               Preciso me lembrar
                                               Sempre
                                               Não vou mais
                                               Esquecer, eu ?
                                               Tô lembrado...
                                               Mas o que foi
                                               mesmo que havia
                                               me esquecido ?

                                                  Ricardo Wagner Ribeiro                              
Brasília,18.05.2007


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Alguma poesia, no meio da rua, som da canção

   Há quanto não se vê um poeta rimando palavras nos palcos da vida. Algo que faça lembrar Shakespeare, Drummond, Castro Alves ou Pessoa, arrancar do peito emoção, suspiro e prazer de ler e ouvir a louca poesia dos desesperados malucos da cidade, dos guerreiros da selva de concreto ou o pinhão na amarração, batendo o cuitelinho, gritando eh boi, lá!

   Só sobraram gritos, soluços e devaneios dos menestréis, cantadores e violeiros. Assim é que a poesia se faz manter chama acesa, na garganta, na canção, sem festivais. Carnaval agora é elétrico, passarela do samba é teleinvasão, serenata é cena do passado. Poesia, maestro, por favor! Música, poetas, seresteiros, namorados, correi!
Caetano Veloso



João Bosco