terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sons que vêm de Minas

Afinal, o que há na música de mais sublime para enlevar o coração da gente? O que há escondido nela a comunicar com as nossas paixões, angústias, medos, ressentimentos, procuras, encontros e desencontros? O que há nos sons e nas palavras que a faz vincular-se ao espírito humano? Diria alguém que isto vem desde a criação do mundo! Deus criou o mundo como se compusesse uma sinfonia!

Os estudos sobre a história da música apontam que os chineses e ou hindus foram os primeiros povos que a viu surgindo por volta de 2000 anos a.C. Acredita-se, ainda que foram os egípcios que a popularizou no meio rural à beira do rio Nilo em rituais de oferendas aos deuses. Os gregos (Ah! sempre eles!) narram através da mitologia que Apolo tornou-se o deus da música porque teria vencido Pã em um torneio musical e levava a vida a tocar sua lira, conduzindo a musas! Daí, a origem da palavra música: do grego, mousikós - “musical”, “relativo às musas”. De lá até os tempos atuais, a música veio trazendo o amálgama da humanidade e enraizou-se neste país transmutando-se mais e mais.

E assim, o homem foi construindo a história da humanidade e a música foi passando junto com as civilizações até que, às vésperas dos grandes descobrimentos,ela já havia se tornado uma manifestação cultural urbana. Nessa época, a música além de ter funções ritualísticas e religiosas,era utilizada pelos trovadores como forma de levar e trazer notícias, no lazer através das danças, folguedos e peças teatrais e ainda enquanto se executava funções como lavar roupa, ninar, capinar, remar, etc. E foi assim que ela veio dar aqui no Brasil para se juntar ao som produzido pelos nativos.

O primeiro registro histórico encontra-se expresso na carta de Pero Vaz de Caminha: “Diogo Dias, que é homem gracioso e de prazer, levou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita. E meteu-se com eles (os indígenas) a dançar, tomando-os pelas mãos; e eles folgavam, e riam, e andavam com ele muito bem ao som da gaita. Depois de dançarem, fez-lhes ali, andando no chão, muitas voltas ligeiras e salto real, de que eles se espantavam e riam e folgavam muito.” O surgimento da música brasileira, a partir de então, deu-se com a contribuição dos indígenas, dos colonizadores e dos negros, sendo este último o que mais forte caráter imprimiu na formação do perfil cultural brasileiro.

O processo de colonização viria prender a música brasileira à matriz européia durante muito tempo até que as novas expressões populares nascidas da miscelânea étnica faria com que a música brasileira se tornasse uma das mais expressivas da América. A partir daí, mais do que uma simples manifestação artística dentre tantas outras, a música popular brasileira veio forjando de maneira acelerada a cultura e o pensamento nacional.

Se no último século ela desabrochou, espalhando sementes no imaginário da gente brasileira, em Minas estes elementos foram-se fundido em sementes, misturando-se ritmos e harmonias, dando origem a uma música sui generis: a música de Minas, a desabrochar-se em flor petalada de multicores, fluindo em muitas ramagens pelos vales, campos, montanhas, veredas e espaços, a reluzir estrelas de várias pontas.

De onde vem essa infinidades de tendências da música de Minas? Decerto, essa reunião de tendências surgiu com o batuque vindo da África, célula-mãe da manifestação musical popular mais importante do país e dele surgiram ramos, afluentes, tendências que se espalharam por todo o território. Em Minas, o ambiente urbano da mineração juntou-se com os ritmos rurais vindo da Bahia, adicionadas às influências européias, forjando a base do surgimento do samba na Bahia e Rio de Janeiro. No fim do século XVIII e começo do século XIX, floresceu nas cidades mineiras uma geração de compositores que criaram uma música contemporânea da arte do Aleijadinho e da poesia dos inconfidentes. A música Barroca de Minas.

Os olhares desconfiados, os “causos” retratando o singelo das coisas corriqueiras, as lendas, o folclore e os sons das serenatas do interior de Minas, o som dos carros de bois pelas estradas empoeiradas de terra vermelha, as vielas, o dedo de prosa pelas janelas das vizinhanças, a cantiga das Folias de Reis e de Nossa Senhora do Rosário e os diferentes sotaques do mundo, moldaram uma música única. Música esta que se reuniu com outras tendências, outros ritmos vindo do jazz, dos Beatles, sintetizando-se com outros elementos da música popular brasileira resultando na música sem rótulos do Clube da Esquina, que por sua vez influenciou novas gerações que ampliaram vertentes vanguardistas que vão do som percussivo do Uakti ao pop-rock do Skank e Jota Quest , passando pela música de raiz e expressões dialéticas do Vale do Jequitinhonha, Norte de Minas e da Gerais “preta e barranqueira” emoldurada pelas carrancas que singraram o Velho Chico e pelo sul-mineiro impregnado com o sotaque paulista.

“A música de Minas evoca todos as formas de sentimentos da alma. Os sons que vem de Minas são melhores para contar a sua própria história. Alguém já disse que o tempo passa mais devagar em Minas?”

(Fonte: site Ritápolis.com - http://www.ritapolis.com)

A música em Minas Gerais

A música é um dos traços mais marcantes da cultura mineira, e tem-se feito presente em diversos momentos da história do Estado desde o início dos séculos XXVI e XXVII.

A partir do século XVIII compositores como José Joaquim Lobo de Mesquita, Francisco Gomes da Rocha, Marcos Coelho Neto e Manoel Dias de Oliveira reforçaram a tradição musical de Minas, com a composição de peças barrocas que hoje são reverenciadas como verdadeiras obras-primas da música erudita nacional. No campo erudito, o Estado é marcado ainda pela produção e atuação de diversas orquestras e corais.

Destacam-se aí a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e o Coral Lírico de Minas Gerais, mantidos pela Fundação Clóvis Salgado, instituição vinculada à Secretaria de Estado de Cultura.

Os grupos possuem uma forte atuação na capital mineira e no interior de Minas, trabalhando para a popularização, democratização e ampliação do acesso á música erudita.

Outros importantes símbolos e movimentos da música nacional possuem raízes em Minas Gerais. Os mais variados ritmos e sons encontram aqui suas origens. Ary Barroso, que em 1939 compôs uma das canções brasileiras mais conhecidas no mundo todo, Aquarela do Brasil, nasceu em Ubá, na Zona da Mata mineira.

No norte do estado, na cidade de Brasília de Minas, surgiu o instrumentista, compositor e acordeonista Zé Coco do Riachão. O violeiro possui um trabalho que é considerado como uma das mais verdadeiras expressões da cultura popular do Norte de Minas.

Nos anos 60 e 70 as ruas do tradicional bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, foram palco de um dos mais importantes movimentos da música nacional: Clube da Esquina. Com uma mistura original da MPB com o pop e o jazz, o Clube reuniu talentos como Milton Nascimento, Wagner Tiso, Toninho Horta, Fernando Brant, Lô Borges, Beto Guedes e Flávio Venturini.

O cenário atual da música mineira permanece refletindo a efervescência e dinamismo cultural do Estado. Uma nova geração de artistas é representada por nomes como Skank, Pato Fu, Jota Quest, Sepultura, Vander Lee, Marina Machado, Maurício Tizumba, Berimbrown, Copo Lagoinha e Amaranto.

Transitando livremente por ritmos variados, como o rock, o reggae, o heavy-metal, o samba e a MPB, entre outros, a música mineira utiliza-se dos mais sons para dar continuidade à excelência e diversidade que têm marcado, ao longo do tempo, a produção musical de Minas Gerais.

(Fonte: site Ritápolis.com - http://www.ritapolis.com)