Serro é um município mineiro com população estimada em cerca de 28 mil habitantes. Rodeado por serras, morros, rios e cachoeiras, o Serro se apresenta como excelente destino para os apreciadores do turismo histórico e ecológico. Situada no centro-nordeste de Minas, na região central da Serra do Espinhaço, fica a 230 km de Belo Horizonte. É também uma importante cidade do Caminho dos Diamantes e da Estrada Real, uma herança das minas que atraíram os bandeirantes paulistas e nordestinos no século 18.
Além das belezas naturais e das minas, o Serro possui um rico patrimônio histórico-cultural. O município hoje conta com diversos hotéis e pousadas. O turista pode contar com apartamentos, serviços, deliciosos cafés-da-manhã e guias para percorrer a região.
Passamos por lá esse ano, eu a Maria Helena, quando íamos com destino a Prado, no sul da Bahia, durante o carnaval. A cidade é realmente gostosinha e possui um clima ameno, com uma calma noturna, que todos podem dormir na maior tranquilidade.
E quando estávamos a passeio na praia de Guaratiba, já em Prado, na excelente companhia de nossa amiga, a artista plástica Maria Ferraz, paulista radicada na cidade há anos, encontramos alguns mineiros, entre eles um serrense, que disse ter o maior orgulho de sua bela Serro. Se você ainda não esteve por lá, vá, vale conhecer.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
História de pescador, por Jairo Viana
Ao observar atentamente o mapa do Brasil e a posição que ocupa o nosso estado, chego à conclusão de que Minas Gerais é o coração do país. Atento aos detalhes, percebo ainda as artérias responsáveis por emitir o sangue do progresso para todas as partes deste gigantesco corpo chamado República Federativa do Brasil.
Essas artérias são formadas por nossas malhas rodoviárias, ferroviárias e fluviais. Todas importantes para o bom funcionamento desse organismo vivo e pulsante de dimensões continentais. Como pescador que sou, meu olhar se prende, de maneira especial, à malha fluvial.
Por causa da minha paixão pela pescaria, tive a oportunidade de conhecer vários rios Brasil adentro. Cada um mais bonito que o outro. Nenhum tão maravilhoso quanto o São Francisco, o Velho Chico, como é carinhosamente chamado. Ele está em primeiro lugar na minha lista. Aliás, se dependesse de mim, por causa das histórias e peculiaridades que encantam gerações, o rio da integração nacional já teria sido, há muito tempo, incluído no rol das grandes maravilhas do mundo.
Recentemente fui a Belo Horizonte para o aniversário da minha netinha. A viagem foi inesquecível por dois motivos: presenciar a alegria da Beatriz no auge do seu quarto ano de vida e ter a felicidade de conhecer o maior aquário temático de água doce do país.
Foi meu genro quem teve a idéia de me levar para o passeio. O lugar é, simplesmente, belíssimo e dá aos visitantes uma pequena amostra do que pode ser encontrado ao longo dos dois mil e setecentos quilômetros do rio São Francisco, essa artéria que irriga os estados de Minas, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
Lá eu vi uma réplica da nascente e do Benjamin Guimarães, famoso vapor da cidade de Pirapora. Vi também carrancas e artesanatos típicos da população ribeirinha. E, é claro, vi as mais variadas espécies de peixes. Matrinxã, pacu-caranha, pirambeba, mandi, cascudo, dourado e um que já pesquei bastante: o surubim.
Se não me engano, foi em uma das minhas últimas pescarias que eu levei pra casa um de quase vinte quilos. E quem diria que anos depois eu iria lembrar desse fato. Acho que a minha memória foi reavivada quando, em frente a um dos tanques do aquário, eu vi um surubim que me pareceu bem familiar. Era o filho do peixe que virou muqueca nas mãos prendadas da minha esposa. Tive certeza quando o bicho me encarou e recuou para o outro lado do aquário, tremendo de medo. Não é história de pescador.
Até a próxima!
Lembrem-se: navegar é preciso. Saber usar a rede também.
(Publicado no jornal O Tempo online, por Jairo Guedes Viana em 20/03/2010)
Essas artérias são formadas por nossas malhas rodoviárias, ferroviárias e fluviais. Todas importantes para o bom funcionamento desse organismo vivo e pulsante de dimensões continentais. Como pescador que sou, meu olhar se prende, de maneira especial, à malha fluvial.
Por causa da minha paixão pela pescaria, tive a oportunidade de conhecer vários rios Brasil adentro. Cada um mais bonito que o outro. Nenhum tão maravilhoso quanto o São Francisco, o Velho Chico, como é carinhosamente chamado. Ele está em primeiro lugar na minha lista. Aliás, se dependesse de mim, por causa das histórias e peculiaridades que encantam gerações, o rio da integração nacional já teria sido, há muito tempo, incluído no rol das grandes maravilhas do mundo.
Recentemente fui a Belo Horizonte para o aniversário da minha netinha. A viagem foi inesquecível por dois motivos: presenciar a alegria da Beatriz no auge do seu quarto ano de vida e ter a felicidade de conhecer o maior aquário temático de água doce do país.
Foi meu genro quem teve a idéia de me levar para o passeio. O lugar é, simplesmente, belíssimo e dá aos visitantes uma pequena amostra do que pode ser encontrado ao longo dos dois mil e setecentos quilômetros do rio São Francisco, essa artéria que irriga os estados de Minas, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
Lá eu vi uma réplica da nascente e do Benjamin Guimarães, famoso vapor da cidade de Pirapora. Vi também carrancas e artesanatos típicos da população ribeirinha. E, é claro, vi as mais variadas espécies de peixes. Matrinxã, pacu-caranha, pirambeba, mandi, cascudo, dourado e um que já pesquei bastante: o surubim.
Se não me engano, foi em uma das minhas últimas pescarias que eu levei pra casa um de quase vinte quilos. E quem diria que anos depois eu iria lembrar desse fato. Acho que a minha memória foi reavivada quando, em frente a um dos tanques do aquário, eu vi um surubim que me pareceu bem familiar. Era o filho do peixe que virou muqueca nas mãos prendadas da minha esposa. Tive certeza quando o bicho me encarou e recuou para o outro lado do aquário, tremendo de medo. Não é história de pescador.
Até a próxima!
Lembrem-se: navegar é preciso. Saber usar a rede também.
(Publicado no jornal O Tempo online, por Jairo Guedes Viana em 20/03/2010)
Velho Rio São Francisco, triste Chico
O cronista Jairo Guedes Viana, que publica seu blog Histórias de Pescador no jornal O Tempo online conta que fez um passeio a um aquário temático em Belzonte, para comemorar com a família o aniversário de quatro aninhos de sua neta Beatriz, e se sentiu tão bem que aflorou nele a veia poética. Segundo nos conta, ele ficou inspirado, decidindo fazer uma singela homenagem ao São Francisco. Olha ela aqui.
Nasci na montanha
Das entranhas
Da Serra da Canastra,
No meio da mata.
Sou o Rio São Francisco,
O Velho Chico
A caminho do mar.
Lá, sou um filete transparente,
Sem afluente.
Meu leito é de pedras
Cheio de quedas.
Sou o Velho Chico
A caminho do mar.
Hoje sou manso, mas poluído
Nesse caminho comprido
Sujo na margem e no leito.
Quero voltar, mas não tem jeito.
Sou o Velho Chico indo para o mar.
Estou muito assustado
Meus peixes foram pescados.
Não sou mais rio pra navegar.
Só me usam para irrigar.
Sou o Velho Chico
A caminho do mar.
Se a União usasse o fisco
Contra a pescaria predatória
Combatendo os frigoríficos
O sertanejo teria outra história.
Eu sou o Velho Chico
Caminhando para o mar.
Ah! Se eu pudesse voltar
Lá pra minha nascente
Não correria para o mar
Cheio de poluente
Com os acidentes da Petrobrás
Não consigo mais ter paz.
Como não posso mais voltar
Lá para o meu pico
Fico aqui na foz a pensar.
Eu sou o Velho Chico
Que está chegando no mar.
Sou o Rio da Unidade Nacional.
Sou o Nilo Brasileiro,
Conhecido no mundo inteiro.
No Sertão não há outro igual.
Pena que o Velho Chico
Tenha que se misturar com o mar...
(Jairo Guedes Viana em O Tempo online, coluna Histórias de Pescador, em 20/03/2010)
Nasci na montanha
Das entranhas
Da Serra da Canastra,
No meio da mata.
Sou o Rio São Francisco,
O Velho Chico
A caminho do mar.
Lá, sou um filete transparente,
Sem afluente.
Meu leito é de pedras
Cheio de quedas.
Sou o Velho Chico
A caminho do mar.
Hoje sou manso, mas poluído
Nesse caminho comprido
Sujo na margem e no leito.
Quero voltar, mas não tem jeito.
Sou o Velho Chico indo para o mar.
Estou muito assustado
Meus peixes foram pescados.
Não sou mais rio pra navegar.
Só me usam para irrigar.
Sou o Velho Chico
A caminho do mar.
Se a União usasse o fisco
Contra a pescaria predatória
Combatendo os frigoríficos
O sertanejo teria outra história.
Eu sou o Velho Chico
Caminhando para o mar.
Ah! Se eu pudesse voltar
Lá pra minha nascente
Não correria para o mar
Cheio de poluente
Com os acidentes da Petrobrás
Não consigo mais ter paz.
Como não posso mais voltar
Lá para o meu pico
Fico aqui na foz a pensar.
Eu sou o Velho Chico
Que está chegando no mar.
Sou o Rio da Unidade Nacional.
Sou o Nilo Brasileiro,
Conhecido no mundo inteiro.
No Sertão não há outro igual.
Pena que o Velho Chico
Tenha que se misturar com o mar...
(Jairo Guedes Viana em O Tempo online, coluna Histórias de Pescador, em 20/03/2010)
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