terça-feira, 9 de novembro de 2010

ROTEIRO: O novo diamante

Descoberta por garimpeiros, a Chapada Diamantina hoje vive de um outro tesouro: o Ecoturismo
Serra do Esbarrancado
(Fotos imperdíveis da Chapada Diamantina - do forista Baianóide do SSL - )
Há um século e meio, nascia uma tênue esperança para milhares de sertanejos baianos que viviam isolados. Numa região situada a aproximadamente 400 quilômetros de Salvador, explodia a febre da descoberta de diamantes no local que passou a ser conhecido como Chapada Diamantina. O ciclo começou em 1844, com o achado de valiosas gemas às margens do rio Mucugê, quando toda a região, encravada no sertão, vivia uma das maiores secas de sua história.

A ocupação do local foi puxada por garimpeiros que partiram do antigo Arraial do Tijuco (hoje a cidade histórica de Diamantina, em Minas Gerais), e logo surgiram grandes aglomerações urbanas (para os padrões da época).

Como em todas as explorações de materiais valiosos, os lucros foram concentradas nas mãos de poucos. Mesmo que o grande ciclo tenha morrido ainda no século 19, a exploração se manteve até 1996, de forma mecanizada. Foi quando leis mais severas selaram as dragas que já produziam pouco e detonavam o ambiente.

Com a economia do diamante dando adeus, a indústria do turismo começou a ganhar força na Chapada Diamantina, movida por outro tesouro, formado pelas incontáveis atrações naturais. Rio Garapa, morro do Camelo, ribeirão do Meio, poço Azul e cachoeira da Fumaça são alguns dos cartões-postais da região. Ali, o ecoturismo dita as normas.

Nessa busca, o visitante ainda se surpreenderá com preciosidades como as ruínas da cidade de pedra de Xique Xique do Igatu e o Vale do Capão, onde aflora uma comunidade rastafári – e onde os hippies ainda marcam presença.

Milhões de anos, chuvas, frio, vento e sol moldaram a Chapada Diamantina. Acabaram por desenhar uma obra-prima. Com 38 mil km2 – área equivalente ao território da Holanda –, está inserida em um dos maiores parques do País e é conhecida como a meca brasileira do trekking. Abriga 57 cidades, entre médias, pequenas e minúsculas (a maioria), todas com ar de sertão. Um mundo à parte, quase sempre afastado do sinal de celular.

Deslumbre, cultura, oxigênio, verde, água, suor. A Chapada Diamantina exige respeito, aquela reverência necessária quando se está de frente para o colossal, o quase improvável, não fosse ela a natureza. Para quem curte ecoturismo, é um dos cenários mais incríveis do Brasil, de dia e à noite.

Lençóis, considerada “capital” da Chapada, tem a melhor infraestrutura em todos os aspectos, além de ostentar um casario do século 19 bem conservado e todo o charme em que isso resulta. O município abriga algumas das principais atrações da região, como o morro do Pai Inácio, o poço do Diabo, a cachoeira do Sossego e a gruta e a praia da Pratinha.

Em toda a Chapada Diamantina, caminhadas (leves ou não), banhos de cachoeira (há cerca de 300 quedas) e esportes de aventura sustentam uma programação de passeios para todas as idades. Mostram um lugar múltiplo e curioso, onde os principais requisitos são ter humor e espírito aberto.

A arquitetura de Lençóis tem muito do estilo colonial. As portas e janelas são gigantescas, e o pé direito (altura do piso ao teto) pode chegar a mais de quatro metros. Por fora, são coloridas, o que dá um ar ainda mais especial à cidade, tombada em 1973 como Patrimônio Histórico Nacional.

(Do Jonal A Notícia http://www.clicrbs.com.br/anoticia, em 9 de novembro de 2010. Edição N° 943)
(Foto: SkyscraperCity > Latin American Forums > Fóruns Brasileiros > Fóruns Regionais > Nordeste)

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