A história de vida da Ruth, minha mãe, vai sendo aos poucos revelada aqui nessas postagens. Vamos à parte dois.
|
Casarão colonial na Araguari daqueles tempos (Foto: Arquivo) |
Feito ciganos, mudando de cidadezinha em cidadezinha: Monte Carmelo, Douradoquara, Abadia dos Dourados, Araguari, Três Ranchos, novamente Araguari. O tempo foi passando e você cresceu, foi ficando menina-moça e conseguiu estudar um ano do primário, onde aprendeu a ler e a escrever, conhecimento esse que ia fazer de você uma pessoa sabida, de pouco estudo, é verdade, mas de boa memória, boa leitura e uma letrinha bem bonitinha. Com a cabeça cheia de poesia, já capaz de ‘rancar suspiro’ em muito rapaz e nas amigas que ficavam escutando você declamar na fábrica de bala, onde você labutou, junto com a irmã Rizete, com a futura cunhada Ilva e com as amigas – Zinha, Gizete, Maria Conceição – colegas de forno, corte e embrulho de balinhas que iam ser vendidas ‘na venda’ e nos bares da vida.
Foi nos vaivéns daqueles tempos duros que você se transformou, enfim, numa linda moça, querida pelos tios e tias, a ponto de vir morar em Uberlândia com o Tio Hélvio e tia Dondica, pra ajudar na lida da casa e sair um pouco da barra das calças do ‘Seu Alberto e das saias da Dona Nedina’, que tinham um ciúme danado, a ponto de vigiar as filhas até detrás da moita, pra ‘num podê namorá ninhum rapaiz’ até chegar um moço bão que pudesse casar e honrar a família – família pobre, mas honrada. Tempos difíceis aqueles, em moça?
Nenhum comentário:
Postar um comentário