quarta-feira, 28 de julho de 2010

História de pescador, por Jairo Viana

Ao observar atentamente o mapa do Brasil e a posição que ocupa o nosso estado, chego à conclusão de que Minas Gerais é o coração do país. Atento aos detalhes, percebo ainda as artérias responsáveis por emitir o sangue do progresso para todas as partes deste gigantesco corpo chamado República Federativa do Brasil.

Essas artérias são formadas por nossas malhas rodoviárias, ferroviárias e fluviais. Todas importantes para o bom funcionamento desse organismo vivo e pulsante de dimensões continentais. Como pescador que sou, meu olhar se prende, de maneira especial, à malha fluvial.

Por causa da minha paixão pela pescaria, tive a oportunidade de conhecer vários rios Brasil adentro. Cada um mais bonito que o outro. Nenhum tão maravilhoso quanto o São Francisco, o Velho Chico, como é carinhosamente chamado. Ele está em primeiro lugar na minha lista. Aliás, se dependesse de mim, por causa das histórias e peculiaridades que encantam gerações, o rio da integração nacional já teria sido, há muito tempo, incluído no rol das grandes maravilhas do mundo.

Recentemente fui a Belo Horizonte para o aniversário da minha netinha. A viagem foi inesquecível por dois motivos: presenciar a alegria da Beatriz no auge do seu quarto ano de vida e ter a felicidade de conhecer o maior aquário temático de água doce do país.

Foi meu genro quem teve a idéia de me levar para o passeio. O lugar é, simplesmente, belíssimo e dá aos visitantes uma pequena amostra do que pode ser encontrado ao longo dos dois mil e setecentos quilômetros do rio São Francisco, essa artéria que irriga os estados de Minas, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.

Lá eu vi uma réplica da nascente e do Benjamin Guimarães, famoso vapor da cidade de Pirapora. Vi também carrancas e artesanatos típicos da população ribeirinha. E, é claro, vi as mais variadas espécies de peixes. Matrinxã, pacu-caranha, pirambeba, mandi, cascudo, dourado e um que já pesquei bastante: o surubim.

Se não me engano, foi em uma das minhas últimas pescarias que eu levei pra casa um de quase vinte quilos. E quem diria que anos depois eu iria lembrar desse fato. Acho que a minha memória foi reavivada quando, em frente a um dos tanques do aquário, eu vi um surubim que me pareceu bem familiar. Era o filho do peixe que virou muqueca nas mãos prendadas da minha esposa. Tive certeza quando o bicho me encarou e recuou para o outro lado do aquário, tremendo de medo. Não é história de pescador.

Até a próxima!
Lembrem-se: navegar é preciso. Saber usar a rede também.


(Publicado no jornal O Tempo online, por Jairo Guedes Viana em 20/03/2010)

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