segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Tente esquecer o que passou - as coisas mudam.

Tente não lembrar que a vida é uma cigana, todo dia muda de lugar, muda a cara das pessoas, lê a sua mão e conta sempre um segredo que não está escrito nas estrelas e em lugar nenhum. Você é o senhor do seu destino, menino, você é o que procura, o que pensa que sabe. Você é a sua própria história.


Veja você, por exemplo, Brasília, que nasceu pra ser a capital de todos os brasileiros e que JK construiu com a ajuda dos mineiros, dos candangos, dos nordestinos, que vieram de longe nos paus-de-arara, e com o dinheiro arrancado dos bolsos de todos os brasileiros. Essa dívida, meu amigo, minha amiga, ainda não foi paga não.

Cadê o Brasil que a gente sonhou, cadê o futuro que inda não chegou pra tanta gente que acreditou? E o exemplo de um Brasil suado, cansado, maltratado, que os "caras" prometeram que iam mudar, na cara da gente um dia, ali, na hora do voto? Cadê? Cadê o meu lindo pendão da esperança, o sorriso da criança afundado na lama, no caos, no cais, no crack? Meninada pelada, correndo nua atrás de papagaio, canivete na mão, dando pulo atrás de pão, na esquina do semáforo, vendendo pirulito, trabalho infantil, mês de abril, brasil brasil, brasil banguela, sem educação, sem hospital, sem teto e sem razão.

E você aí, seu dotô, que pensa que é melhor do que o pobre, com seu carrão dourado, todo iluminado, seu sorriso escancarado, o povo humilhado, maltratado, escandalizado. Você que prometeu, jurou, se comprometeu ajudar a tirar esse país da miséria, da fome, da perdição, da doença, da dor, cadê você que nunca mais apareceu?

Vamo embora daqui, menino, volta pra casa, que casa? Volta pra escola, que esmola? Com que roupa eu vou, com que cara eu te encaro? Toma vergonha, seu moço, vá trabalhar, vagabundo! Cadê trabalho, cadê emprego, desassossego, meu nego, vergonha na cara. Somos todos do mesmo partido, né mesmo? Mas você inda vai mudar essa situação um dia, sei que vai tomar consciência, cê vai votar direito, vai escolher melhor o seu destino e junto com os outros mais de cento e noventa milhões de brasileiros, vai dizer não ao não, vai aprender que é proibido proibir essa gente de ser gente e ser feliz.

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